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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Capítulo 1 - Parte 1

                Era início de fevereiro, verão.  Os ventos empurravam o ar quente até um quarto de hotel na cidade de Nova Friburgo. Carlos havia acabado de acordar. Ainda estava coçando os olhos enquanto seus cabelos castanhos recebiam a luminosidade da janela.
                - É hoje. – Bufou.
                Se levantou e foi até o banheiro, fez suas necessidades, abriu o chuveiro. Tirou a roupa e entrou no banho. Eram 9 horas da manhã. Saiu do banheiro, colocou uma camisa polo vermelha e uma calça jeans escura.
                Carlos sentia frio. Acostumado com o clima muito mais quente da cidade de Campos, onde nasceu, ele tinha pequenos calafrios, apressou-se e colocou um casaco. Pegou o celular branco, um pouco arranhado nas pontas por algumas pequenas quedas, e ligou para seus pais.
                - Alô, mãe?
                - Oi, meu filho, como você está?
                - Estou bem. E ai?
                - Aqui está tudo bem. Animado para hoje?
                - Bem, um pouco. – riu.
                - Ah, que bom, Carlos. Estamos aqui torcendo por você.
                - Sei disso, mãe. Como está meu pai?
                - Ah, como sempre né? As dores nas costas não param e ele continua a trabalhar.
                - Ele não escuta, já falei que ajudo vocês.
                - Como? Você tem que estudar e tudo mais.
                - Arrumo um meio emprego, sabe que não é o problema.
                - Não, Carlos, estude! Quero ver meu filho formado logo logo.
                - Irei mãe, pode deixar!  Agora...
                - Você precisa ir, né? Vá com Deus!
                - Fica com Deus também, eu te amo.
                - Também.
                O rapaz arrumou todas as suas coisas. Aos 18 anos ele conseguiu passar para uma faculdade em Friburgo para cursar engenharia. Tudo o que trouxe de sua casa foram roupas, biscoitos e seu notebook. Seus pertences couberam em uma mala de rodinha e uma mochila. Ele estava há uma semana na cidade para se adaptar.
                Fechou a porta, foi até o corredor e chamou o elevador. Desceu e foi fechar sua estadia na recepção do hotel. A recepcionista, que aparentava ter uns 40 anos, atendeu Carlos com simpatia:
                - Finalizando sua estadia conosco, senhor?
                - Sim, sim.
                - Tudo bem, vamos ver, quarto 308. Aqui está a quantia.
                Analisou e logo em seguida pagou. Perguntou onde havia um ponto de táxi próximo e teve sua informação, saindo pela portaria central ouviu.
                - Tenha um bom dia, senhor. – Carlos agradeceu.
                Andando pela rua, Carlos sentiu o tempo esquentar. Parou e tirou o casaco. A calçada estava com bastante gente, horário que as pessoas começavam a sair. Foi então com um bilhete na mão que especificava a rua em que a faculdade ficava até o ponto de taxi.
                - Poderia me levar até aqui?
                - Claro, coloque suas coisas no porta-malas, vamos lá.
                O garoto sentia cada vez mais um nervosismo de entrar na faculdade. Esta havia alojamento para todos os alunos. Ele mal podia esperar para saber como era tudo. Os professores, as salas, seus amigos, seu companheiro de quarto. O medidor de cobrança ia subindo a medida que o taxi se aproximava da universidade. E lá estava ela.
                A faculdade era enorme. Dividida em blocos, era uma construção moderna que tinha 8 blocos para os diferentes cursos e outros 2 prédios: Um maior que era o alojamento e outro, menor, que ficava a direção.
                Carlos não queria chegar lá dentro de taxi, pediu para ficar do lado de fora. Pagou e foi entrando. O clima era de festa. Os postes das ruas estavam decorados e havia músicas. Muitas pessoas estavam sentadas no gramado em torno das ruas, em quiosques de fraternidades. Havia estandes de chapas candidatas a grêmio.
                - Olá! Calouro?! – Uma garota baixa, loira, de olhos escuros e com um sorriso estampado apareceu.
                - Sim, sou! – Sorriu, Carlos.
                - Ótimo, qual é seu curso?
                - Engenharia Civil.
                - Hum... Gênio da matemática, então?
                - Não, não. – Riu.
                - Ok, eu sou Fernanda. A mesa de inscrições é ali. Qualquer é só me procurar, ajudante 8.
                - Obrigado.
                Maravilhado, Carlos correu para se inscrever. Esperou 20 minutos na fila e terminou rápido a inscrição. Agora já tinha a chave do quarto e o nome do companheiro de quarto: Felipe. Foi em direção ao alojamento, 3 andares. Seu quarto era o 204. Entrou no prédio pensando em como se cumprimentar com o novo colega.
                “Olá, eu sou o Carlos” “Oi, sou o Carlos” “E aí? Sou o Carlos”. E muitas outras formas foram possíveis de serem feitas até ele chegar à porta do quarto. Respirou e abriu. Estava vazia. Ele entrou. O quarto tinha uma janela de frente para a porta, duas camas, uma de cada lado da janela. Perto da porta havia duas estantes que tinham uma bancada e gavetas. A cama da esquerda já estava ocupada.
                Fechou a porta e colocou suas coisas na outra cama. Tirou seu notebook e colocou na bancada da estante. Começou a tirar as roupas da mala para guardar nas gavetas. A porta abriu. Um rapaz alto, de cabelos pretos encaracolados de olhos castanhos entrou. Pele clara. Vestia uma camisa do Capital Inicial e uma calça jeans clara.
                - Você deve ser o Carlos! Prazer!
                - Prazer! Você é o Felipe!
                - E aí, cara, vai fazer o que?
                - Engenharia Civil.
                - Mas que coincidência, eu também vou! Vai poder me ajudar!
                - Que nada! Não sou tão bom assim. – Sorriu.
                - É de onde, Carlos?
                - Campos, e você?
                - Sou daqui mesmo, queria sair da aba dos meus pais, mas não queria deixar Friburgo.
                - Entendi.
                - Bem, você sendo novo aqui vai precisar de alguém pra te apresentar a cidade! Prazer, seu guia!
                - Obrigado – Riu.
                - Eu devo ir na rua hoje comprar meus cadernos, vai querer ir?
                - Não, acho melhor eu ficar aqui e dar uma passeada pelo Campus.
                - Você quem sabe, qualquer coisa, anota meu número aí.
                Trocaram os números. Carlos pensava o quão Felipe era simpático. O novo amigo saiu. Ele ficou sozinho no quarto, foi até a janela e olhou o bloco D, seu 2º lar. Sentou na frente do notebook e começou a atualizar seu blog de artigos e a mexer no seu facebook. Quando se deu por si, já eram 12:30. Hora do almoço na faculdade.
                Carlos desligou tudo e desceu. Chegou ao refeitório que tinha mesas compridas e pensou:
                - Droga, estou sozinho, cadê o Felipe para almoçar aqui?